Palavras de um Oficial
Gostaria de externar minha homenagem, admiração, gratidão, respeito e amor a todos os colegas Oficiais de Justiça que durante, especificamente, esse momento de pandemia, no cumprimento de suas responsabilidades, revestidos de coragem, foram as ruas no cumprimento de suas funções e foram infectados pelo Covid-19. Aos que se recuperaram, meu coração se alegra com o seu, e sou grato a Deus pela Graça alcançada, aqueles que não tiveram o mesmo destino e não se encontram mais conosco neste plano terrestre, que Deus os recebam em seus braços e que o conforto recaia sobre todos amigos e familiares.
De igual modo, estendo esta homenagem a todos colegas que, em qualquer circunstância, seja presencialmente ou de forma remota, estão dando o seu melhor, que honram esta classe com uma conduta íntegra e irretocável. São igualmente dignos aqueles, que se encontram afastados de forma legítima, por enfermidades que muitas vezes foram adquiridas em razão do próprio exercício da função.
Gostaria de dizer que tenho vocês como pessoas notáveis, dignos de meu respeito e de minhas homenagens.
Nos últimos dias tenho refletido sobre os que mesmo diante das mais precárias condições, não se isentam de cumprir suas obrigações, tenho a dizer:
- Aos que atuam em comarcas remotas, onde não há veículos oficiais disponíveis;
- Aos que precisam navegar em embarcações precárias, sob risco de vida, por horas para cumprir uma diligência;
- Aos que arcam despesas de seu próprio bolso para dar efetividade a Justiça;
- Aos que atuam sozinhos por anos e sem poder tirar férias, com uma carga de trabalho desproporcional;
- Aos que estão de plantão permanente;
- Aos que atuam em áreas de altíssimo risco, como de mineração clandestina, de exploração de madeira, grilagem e áreas dominadas pelo tráfico e organizações criminosas, algumas onde só é possível a entrada com acompanhamento das forças de segurança;
- E aos que precisam enfrentar pequenos aviões para chegar a seus destinos, colocando assim suas vidas em risco;
São tantas circunstâncias adversas que não é possível enumerar todas, mas estou convicto que todo empenho e esforço não passará desapercebido, seja por seus pares, seja pelo Criador.
Com a mesma veemência repudio aos que são indignos de ostentar o título de Oficiais de Justiça, aos desonestos, desprovidos de senso moral ou ético, que mancham a imagem de uma classe admirável e digna de todas as horas possíveis.
Estes que se aproveitam da boa-fé, da solidariedade, do companheirismo e da humildade dos seus pares, qualidades que aos paraenses, Deus mandou em maior proporção.
Desejo de todo meu coração que a união e a força dos justos possam eliminar de nosso meio estas farpas. Que os mecanismos de controle possam se aperfeiçoar, que haja uma maior eficiência da administração em apurar as faltas e condutas duvidosas.
Mais do que nunca, todos nós buscamos viver em uma sociedade melhor, livre das injustiças, preconceitos e desigualdades. Mais do que ninguém, nós Oficiais de Justiça, conhecemos a realidade fática de nosso povo. Quantos de nós já não chorou em uma diligência? Quantos de nós já não se colocou na condição do jurisdicionado? Quantos de nós já não se esforçou um pouco mais, dada a importância da missão que nos foi conferida? Quantos de nós no cumprimento de uma diligência se deparou com uma situação de necessidade e foi movido a ajudar?
Por fim, clamo aos justos que não permitam que esta força seja abalada pelos maus!
Meu abraço a todos!
Por: Chrysthian Didier de Messias Bernardes – Oficial de Justiça